1 de jul. de 2015

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Ascite, ou barriga d’água, é o nome que se dá ao acúmulo anormal de líquidos dentro da cavidade abdominal, num compartimento limitado pelo peritônio (membrana que reveste também as paredes do abdômen e da pélvis e alguns dos seus órgãos). Esse líquido sai dos vasos sanguíneos por duas diferentes razões: redução da pressão oncótica ou aumento da pressão hidrostática.


No primeiro caso, a concentração de proteínas que ajudam a conter o líquido dentro dos vasos (veias e artérias) fica menor do que fora deles. Como os vasos são constituídos por tecido permeável, essa diferença de pressão permite que os fluídos atravessem suas paredes e ocupem o espaço extravascular.

No segundo caso, a concentração de proteínas no sangue é normal, mas ocorre um aumento da pressão hidrostática no sistema vascular provocada por um processo infeccioso ou inflamatório. Essa reação pode distender os vasos que irrigam o peritônio e/ou aumentam a permeabilidade vascular, favorecendo o extravasamento de líquidos para a cavidade abdominal.

A composição do líquido ascítico pode variar de acordo com a doença de base. Por isso, entre outras substâncias, ele pode conter conteúdo proteico variável, biles ou suco pancreático, por exemplo.

O mecanismo responsável pela formação da ascite é semelhante ao dos edemas.

Causas

A ascite não é uma doença em si mesma, mas uma condição associada a algumas doenças, entre elas as insuficiências renal, cardíaca e hepática, certos tipos de câncer, algumas pancreatites, e infecções, como a esquistossomose e a tuberculose.

A causa mais comum da ascite, porém, costuma ser a cirrose hepática, uma doença crônica do fígado provocada pelos vírus B e C das hepatites e pelo uso abusivo de bebida alcoólica. A principal característica dessa enfermidade é a formação de nódulos e tecido fibrótico (cicatrizes) que bloqueiam a circulação do sangue e provocam aumento da pressão dentro dos vasos que convergem para a veia porta (hipertensão portal). A cirrose pode ser responsável também por menor produção de albumina, uma proteína que ajuda a conter a água no interior das veias e artérias. Nas duas situações, os fluidos escapam dos vasos com mais facilidade e vão acumular-se na cavidade abdominal.

Sintomas 

No início, a ascite é um evento quase sempre assintomático. Com a evolução do quadro, de acordo com o volume de líquido retido no abdômen, podem surgir os seguintes sintomas: ganho injustificado de peso, inchaço, crescimento da barriga e da cintura, dor abdominal difusa, perda de apetite, náuseas, vômitos, dificuldade para respirar, especialmente na posição deitada, por causa da pressão que o líquido exerce sobre o diafragma.

Dependendo da enfermidade de base, o paciente pode apresentar, ainda, outros sinais e sintomas, tais como fígado aumentado, emagrecimento, edemas nas pernas e nos pés, extremo cansaço, icterícia, ginecomastia, encefalopatia hepática.

Diagnóstico

Nas fases iniciais, a avaliação clínica é insuficiente para detectar a presença de líquido na cavidade abdominal. O diagnóstico definitivo depende da realização de exames de sangue e de imagem (ultassonografia, tomografia, ressonância magnética). Outro recurso importante é a paracentese diagnóstica, ou seja, a retirada de pequena amostra do liquido ascítico através de punção direta por meio de uma agulha introduzida no abdômen.

Tratamento

Basicamente, o tratamento consiste na introdução de medidas paliativas com o objetivo de remover o líquido que se depositou na cavidade peritoneal e controlar sua produção e extravasamento. Entre elas, podemos destacar o uso de diuréticos, a restrição de sal na dieta diária, a interrupção do consumo de bebidas alcoólicas e a administração de albumina.

A prescrição de antibióticos torna-se necessária nos casos de infecção do líquido ascítico (peritonite bacteriana espontânea), uma complicação que pode ser grave e exige internação hospitalar durante o tratamento.

A paracentese abdominal é um recurso terapêutico alternativo para a retirada de líquido por punção. Ela é indicada quando as outras formas de tratamento não surtiram o efeito desejado, ou para aliviar os sintomas. O ideal, porém, é que o tratamento da ascite esteja sempre voltado para o controle da enfermidade responsável pelo distúrbio.

Recomendações

Não há como prevenir o aparecimento da ascite, uma vez que ela surge como consequência de uma enfermidade previamente instalada. O que se pode fazer é evitar o contato com essas doenças ou, então, adotar medidas para evitar o agravamento do quadro de ascite. Por isso, é sempre importante:

* não exagerar no consumo de bebidas alcoólicas;
* vacinar-se contra as hepatites A e B;
* certificar-se de que o sangue das transfusões foi rigorosamente analisado;
* manter a restrição de sal, quando indicada;
*jamais entrar em contato com a água de rios, córregos, represas ou de enxurradas. Ela pode estar contaminada pelas larvas transmissoras da esquistossomose, que se alojam em caramujos para dar continuidade a seu ciclo evolutivo.

EXPLICAÇÃO DE UMA CIRURGIA EM UM PACIENTE COM BARRIGA D'ÁGUA


 Fonte: Só Biologia / Vídeo: Youtube

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