18 de jul. de 2015

MICROBIOLOGIA: SALMONELLA TYPHI

Salmonella é um gênero de bactérias, vulgarmente chamadas salmonelas, pertencente à família Enterobacteriaceae, sendo conhecida há mais de um século. Tem, em seu nome, uma referência ao cientista estadunidense chamado Daniel Elmer Salmon, que associou a doença à bactéria pela primeira vez.








São bactérias Gram-negativas, em forma de bacilo, na sua maioria móveis (com flagelos peritríquios), não esporulado, não capsulado, sendo que a maioria não fermenta a lactose. 

Dentre as de maior importância para a saúde humana, destacam-se a Salmonella typhi (Salmonella enterica enterica sorovar Typhi), que causa infecções sistêmicas e febre tifóide, doença endêmica em muitos países em desenvolvimento, e a Salmonella Typhimurium (Salmonella enterica enterica sorovar Typhimurium), um dos agentes causadores das gastroenterites.

Salmonella spp. pode colonizar todos os animais enquanto que na Salmonella Typhi, o homem é o único reservatório. A salmonelose febre tifóide é endêmica nos países subdesenvolvidos, embora tenham sido encontradas resistências via plasmídeos ao cloranfenicol, ampicilina, a Salmonella Typhi têm baixa dose infecciosa (ao contrário de outros serótipos de Salmonella).

Boa parte dos répteis são também parasitados por salmonelas e o contato com suas fezes ou vestígios fecais pode ocasionar a contaminação. Portanto, é importante o cuidado higiênico pessoal e limpeza do ambiente no manuseio de répteis de estimação como jabutis, tartarugas de aquário, iguanas e serpentes.

Sintomas

Algumas pessoas são portadoras crônicas, mas assintomáticas da Salmonella, e podem transmiti-la nas fezes, o que dificulta o controle da doença.
Patologias como gastroenterite, septicemia, febre entérica causam os sintomas da salmonelose.

- Gastroenterite: salmonelose mais frequente, a sua sintomatologia surge 6 a 48h após ingestão de alimentos ou água contaminados; os sintomas mais comuns são: diarreia não sanguinolenta, náuseas, dores abdominais tipo cólica e cefaleias. É autolimitada, durando de 2 dias até uma semana.

- Septicemia: Todas as espécies de Salmonella podem causar bacteriemia, mas em particular os sorovares, Salmonella Choleraesuis, Salmonella Paratyphi e Salmonella Typhi; como grupos de risco, encontram-se crianças, idosos, e indivíduos soropositivos;

- Febre entérica, vulgarmente conhecida por febre tifóide (diferente do tifo), infecção sistêmica febril caracterizada por febre gradual constante 10 a 14 dias após a infecção. Resulta especialmente de Salmonella Typhi, boa produtora de antígeno Vi. Agentes bacterianos: Salmonella Typhi, Salmonella Paratyphi.

A colonização crônica por Salmonella Typhi por um período superior a um ano após a doença sintomática pode ser assintomática, sendo a vesícula biliar o reservatório bacteriano preferencial.

Sem tratamento, esses sintomas se agravam e podem surgir complicações graves, como hemorragias abdominais e perfuração do intestino, com risco de o quadro evoluir para septicemia, coma e morte.

Transmissão

Ocorre pela ingestão de alimentos contaminados, ingestão de água, contaminada, disseminação fecal-oral e contato com pessoas doentes ou portadores assintomáticos.
O tempo entre a exposição e o início dos sintomas (período de incubação) pode variar de 3 a 60 dias, ficando entre 7 e 14 dias  na maioria das vezes. A infecção pode não resultar em adoecimento. Uma pessoa infectada elimina a S. typhi nas fezes e na urina, independente de apresentar ou não as manifestações clínicas. 

Diagnóstico

O diagnóstico leva em conta a avaliação clinica do paciente e o isolamento da bactéria por meio de exames laboratoriais de hemocultura, coprocultura, mielocultura e pela reação sorológica de Widal (Agar Salmonella Shigella (Agar SS) é um meio diferencial seletivo para isolamento de Salmonella e algumas espécies de Shigella de espécimes patológicas suspeitas de alimentos, etc). Esse isolamento é fundamental para estabelecer o diagnóstico diferencial com outras patologias intestinais que apresentam sintomas semelhantes.



Tratamento

O tratamento da febre tifoide inclui a administração de antibióticos (clorafenicol, ampicilina e quinolonas, entre outros) e a reidratação do paciente, e deve começar tão logo seja levantada a possibilidade da infecção.
Repouso, dieta leve e sem resíduos, ingestão maior de líquidos são medidas de suporte importantes durante a vigência da infecção e no período de convalescença que pode ser longo. Nos dois extremos da vida, infância e velhice, assim como durante a gestação, os doentes são mais vulneráveis a complicações.
O tratamento adequado diminui o tempo de eliminação da bactéria nas excreções humanas, que pode ser de até três meses em indivíduos não tratados. Cerca de 2 a 5% das pessoas, mesmo quando tratadas, tornam-se portadoras crônicas, o que é particularmente mais comum em menores de 5 anos, idosos e mulheres com patologias biliares. Os portadores crônicos podem eliminar a S. typhi nas fezes até por mais de um ano, tendo importância na manutenção da transmissão da doença.
A distribuição da doença é universal, porém é mais prevalente em países e regiões onde o saneamento básico é inadequado. Estima-se a ocorrência de 12 a 33 milhões de casos por ano no mundo, com aproximadamente 600 mil óbitos. 

Vacinação
Duas preparações de vacinas são recomendadas na prevenção da febre tifoide:
1) a que contém uma forma atenuada dos germes vivos, (Ty21) administrada por via oral em quatro doses, em dias alternados;
2) a parenteral de polissacarídeos (Vi CPS) administrada em dose única por via intramuscular.
O problema é que nenhuma delas oferece imunização completa nem está indicada nas situações de risco de epidemias.
Recomendações
* Lave bem as mãos, especialmente depois de ter usado o banheiro, antes das refeições e quando for lidar com alimentos;
* Informe-se sobre medidas de proteção que deve tomar antes de viajar para lugares considerados de risco para a infecção pela Salmonella;
* Não consuma alimentos crus, mal cozidos, ou conservados à temperatura ambiente nem os oferecidos por ambulantes em locais considerados de risco para a febre tifoide;
* Beba somente água fervida ou engarrafada com gás e exija que as garrafas sejam abertas na sua presença, quando suspeitar que as condições sanitárias e de higiene são precárias;
* Siga as orientações médicas sobre a conveniência de ser vacinado contra a febre tifoide, antes de viajar para lugares com risco maior de infecção pela Salmonella typhi.

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