Pesquisa brasileira revela que a psoríase, uma inflamação crônica da pele, está relacionada a condições como obesidade, hipertensão e depressão
Uma
pesquisa inédita revelou que 70% dos brasileiros que têm psoríase - uma
doença inflamatória crônica da pele - apresentam ao menos um problema
de saúde relacionado à doença, como obesidade, hipertensão e depressão. A
psoríase afeta de 1,5% a 3% da população mundial e se caracteriza pela
formação de placas vermelhas principalmente nos joelhos, cotovelos e
couro cabeludo. Em alguns casos, há também inflamação nas articulações.
SAIBA MAIS
PSORÍASE
A psoríase é uma doença autoimune, crônica e não contagiosa que afeta de 1,5% a 3% da população mundial. Ela se caracteriza por inflamações na pele manifestadas por manchas vermelhas, espessas e descamativas, que aparecem, em geral, no couro cabeludo, cotovelos e joelhos. Em outros casos, pode se espalhar por toda a pele e também atingir as articulações.
A enfermidade atinge igualmente homens e mulheres, e costuma surgir antes dos 30 e após 50 anos. As causas não são exatas, mas a doença tem um forte componente genético e pode ser desencadeada por infecções, medicamentos anti-inflamatórios, obesidade, clima (mais comum em lugares frios), stress e consumo de cigarro e álcool.
O tratamento pode ser feito com cremes, medicamentos orais e fototerapia. Há também a opção dos imunossupressores, mas estes são muito caros (o tratamento pode custar até 100 000 reais por ano) e não cobertos pelo SUS para pessoas com psoríase. Os imunossupressores são recomendados a pacientes que não responderam às outras abordagens.
Ainda não se sabe ao certo por que a psoríase está associada a outras
doenças. Para especialistas, uma possível causa é a mudança de
comportamento do paciente ao ser acometido pela psoríase.
"A pessoa se sente envergonhada com as lesões na pele, fica mais
retraída e desenvolve um comportamento depressivo ou hábitos que levam à
obesidade", diz Ricardo Romiti, dermatologista do Hospital das Clínicas
da Faculdade de Medicina da USP e um dos autores do estudo, divulgado
nesta quinta-feira.
Outra possível explicação é que a lesão cutânea ajuda a desencadear
processos inflamatórios no resto do organismo, aumentando o risco de
doença coronariana, por exemplo.
Alto risco
De acordo com o estudo, feito pelo
laboratório Janssen, dentre as pessoas com psoríase que apresentam
alguma enfermidade associada, a maioria (75%) tem sobrepeso ou
obesidade. Outras associações comuns são hipertensão (32%), colesterol
alto (25%) e diabetes (17%), fatores de risco para cardiopatias.
A pesquisa também forneceu evidências de que pessoas com psoríase
apresentam um risco maior de desenvolver problemas emocionais, como
ansiedade (39%), depressão (26%) e alcoolismo (17%).
"Isso não significa que uma pessoa com uma lesão decorrente de
psoríase vai enfartar, mas sim que pacientes com formas graves da doença
correm um maior risco de ter algum problema cardíaco ou psicológico",
diz Romiti.
Os dados foram baseados em um levantamento com 877 pacientes
atendidos em 26 centros especializados em psoríase localizados em dez
estados brasileiros. Os participantes tinham, em média, 48 anos. Metade
deles apresentava um grau leve da doença, ou seja, as feridas cobriam
até 10% do corpo - para efeito de comparação, a palma da mão cobre 1%. O
restante manifestava formas moderada ou grave da condição.
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