10 de jul. de 2015

MÉDICA EXPLICA A SÍNDROME GUILLAIN BARRÉ; PACIENTES TIVERAM MANCHAS. ENTENDA AGORA!


Exames foram colhidos para 
confirmar se síndrome foi ocasionado por Zika. E conheça um pouco sobre essa síndrome.




Os dois pacientes internados no Hospital Couto Maia, em Salvador, com a Síndrome Guillain-Barré, deram entrada na unidade com sintomas como manchas na pele, porém ainda não há confirmação de que tenham sido decorrentes do Zika Vírus. Exames já foram encaminhados para análise de laboratório. Segundo a médica infectologista Ceuci Nunes, a doença é ainda mais rara se ocasionada em decorrência de vírus como Zika. Dos dois casos, um tem quadro de saúde estável e outro requer cuidados especiais.
A Bahia tem mais de 28 mil casos notificados de Zika Vírus, de acordo com a diretora do Couto Maia. A doença foi descoberta por pesquisadores do estado. "Eles tiveram doença exantemática [infecciona sistêmica], que dá manchas na pele muito sugestivas à Zika. Os exames foram colhidos e encaminhados. Ainda não temos o resultado confirmando que é Zika", informou.
Sobre a Síndrome Guillain-Barré, a médica informou que ela é rara e pode ter relação com doenças virais. "É uma doença neurológica que não tem causa definida, mas pode ser associada a doenças virais, como o Zika. É uma síndrome rara e, causada após a Zika, é mais rara ainda. Já são mais de 28 mil casos notificados de Zika e dois da Síndrome Guillain-Barré", explicou Nunes. A doença pode causar paralisia. "A síndrome causa fraquezas ascendentes, uma paralisia flácida, mas a doença pode agravar até causar paralisia na musculatura respiratória e, com isso, o paciente necessita de suporte ventilatório para auxiliar na respiração", disse a médica.
A maior parte dos pacientes percebe a doença através de sensação de parestesias, que são sensações cutâneas como frio, calor e formigamento, nas extremidades dos membros inferiores e, em seguida, superiores.Segundo dados do Ministério da Saúde, não existem dados epidemiológicos específicos da síndrome no Brasil, mas é a maior causa de paralisia flácida generalizada no mundo.
De acordo com a especialista, a paralisia flácida é caracterizada por fraqueza ascendente ou paralisia na redução do tônus muscular - contração miníma de músculo em repouso. A médica Ceuci Nunes afirmou que, com o tratamento, a maior parte dos pacientes apresenta melhoras. "Mais de 80% melhoram com o tratamento. Tem medicação para a síndrome, que é utilizada na fase aguda. O medicamento pode evitar a progressão", explicou.
O diagnóstico inicialmente é clínico. Depois, o paciente passa pelo exame do líquor, quando o líquido da medula é retirado. O exame é semelhante ao utilizado para diagnóstico da meningite, mas a médica enfatiza que não há qualquer relação entre as doenças. "O exame é semelhante, mas a síndrome não é meningite".
Os pacientes com sintomas devem procurar as Unidades de Pronto Atendimento (UPA) e os postos de saúde. Nesses locais, será realizado o diagnóstico inicial e, em caso de suspeita da síndrome, o paciente será encaminhado para o Hospital Couto Maia.
Síndrome 
A síndrome de Guillain-Barré, também conhecida por polirradiculoneuropatia idiopática aguda oupolirradiculopatia aguda imunomediada, é uma doença do sistema nervoso (neuropatia) adquirida, provavelmente de caráter autoimune, marcada pela perda da bainha de mielina e dos reflexos tendinosos. Ela se manifesta sob a forma de inflamação aguda desses nervos e, às vezes, das raízes nervosas.
O processo inflamatório e desmielizante interfere na condução do estímulo nervoso até os músculos e, em parte dos casos, no sentido contrário, isto é, na condução dos estímulos sensoriais até o cérebro.
Em geral, a moléstia evolui rapidamente, atinge o ponto máximo de gravidade por volta da segunda ou terceira semana e regride devagar. Por isso, pode levar meses até o paciente ser considerado completamente curado. Em alguns casos, a doença pode tornar-se crônica ou recidivar.
Causas
Não se conhece a causa específica da síndrome. No entanto, na maioria dos casos, duas ou três semanas antes, os portadores da síndrome manifestaram uma doença aguda provocada por vírus (citomegalovírus, Epstein Barr, da gripe e da hepatite, por exemplo) ou bactérias (especialmenteCampylobacter jejuni ). A hipótese é que essa infecção aciona o sistema de defesa do organismo para produzir anticorpos contra os micro-organismos invasores. No entanto, a resposta imunológica é mais intensa do que seria necessário e, além do agente infeccioso, ataca também a bainha de mielina dos nervos periféricos.
Cirurgias, vacinação, traumas, gravidez, linfomas, gastrenterite aguda e infecção das vias respiratórias altas podem ser consideradas outras causas possíveis da polirradiculoneuropatia aguda.
Sintomas
O sintoma preponderante da síndromede Guillain-Barré é a fraqueza muscular progressiva e ascendente, acompanhada ou não de parestesias (alterações da sensibilidade, como coceira, queimação, dormência, etc.), que se manifesta inicialmente nas pernas e pode provocar perdas motoras e paralisia flácida. Com a evolução da doença, a fraqueza pode atingir o tronco, braços, pescoço e afetar os músculos da face, da orofaringe, da respiração e da deglutição.
Em número menor de casos, o comprometimento dos nervos periféricos pode produzir sintomas relacionados com o sistema nervoso autônomo, como taquicardia, oscilações na pressão arterial, anormalidades na sudorese, no funcionamento dos intestinos e da bexiga, no controle dos esfíncteres e disfunção pulmonar.
Os sintomas regridem no sentido inverso ao que começaram, isto é, de cima para baixo.
Diagnóstico
O diagnóstico tem como base a avaliação clínica e neurológica, a análise laboratorial do líquido cefalorraquiano (LCR) que envolve o sistema nervoso central, e a eletroneuromiografia.
É muito importante estabelecer o diagnóstico diferencial com outras doenças autoimunes e neuropatias, como a poliomielite e o botulismo, que também podem provocar déficit motor.

Tratamento
O tratamento da síndrome conta com dois recursos: a plasmaférese (técnica que permite filtrar o plasma do sangue do paciente) e a administração intravenosa de imunoglobulina para impedir a ação deletéria dos anticorpos agressores. Exercícios fisioterápicos devem ser introduzidos precocemente para manter a funcionalidade dos movimentos.
Medicamentos imunosupressores podem ser úteis, nos quadros crônicos da doença.
Importante: A síndrome de Guillain-Barré deve ser considerada uma emergência médica que exige internação hospitalar já na fase inicial da evolução. Quando os músculos da respiração e da face são afetados, o que pode acontecer rapidamente, os pacientes necessitam de ventilação mecânica para o tratamento da insuficiência respiratória.
Recomendações
Esteja atento às seguintes considerações:
* Em grande parte dos casos, a síndrome de Guillain-Barré é um distúrbio autolimitado. No entanto, o paciente deve ser levado imediatamente para o hospital assim que apresentar sintomas que possam sugerir a doença, porque pode precisar de atendimento de urgência;
* Como ainda não foram determinadas as causas da doença, não foi possível também estabelecer as formas de preveni-la;
* O processo de recuperação da síndrome, em geral, é vagaroso, mas o restabelecimento costuma ser completo;
* É muito pequeno o número de casos da síndrome em que a causa pode ser atribuída à vacinação, em geral, contra gripe e meningite. Por isso, as pessoas devem continuar tomando essas vacinas normalmente;
* A fisioterapia é um recurso fundamental especialmente para o controle e reversão do déficit motor que a síndrome pode provocar.
Fonte: O Globo / Dr. Drauzio Varella 

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